Comemorado desde 1886 no Brasil, o dia 07 de abril celebra o Dia do Médico-legista, uma das profissões essenciais ao trabalho executado pela Polícia Civil no país. Aqui no Estado, a categoria compõe a estrutura da Polícia Civil e faz parte da Superintendência de Polícia Técnico-científica (SPTC).
A médica-legista Maria Juliana Caliman e Gurgel atua há 11 anos na profissão e explica como é a atuação desses profissionais no âmbito da polícia judiciária. “O médico-legista é o perito médico, aquele que realiza avaliações clínicas em pessoas vivas e necroscópicas em cadáveres. Faz também a coleta de materiais para análise laboratorial especializada, visando prestar esclarecimentos à polícia e à justiça”, esclareceu.
Em relação às vítimas vivas, Juliana destaca que o trabalho é importante, porque busca a constatação do crime, como, por exemplo, o de estupro. “Nós buscamos elementos para constatar se, de fato, houve o crime. Em caso positivo, avaliamos a gravidade de possíveis lesões e coletamos material biológico para pesquisa de espermatozoides e exame de DNA.
Tais evidências podem ser determinantes na identificação do agressor”, disse.
O exame de corpo de delito, realizado pelo médico-legista, é o que comprova a materialidade do crime de lesões corporais, por exemplo. “Por ele também é possível identificar o tipo de instrumento usado na agressão, a extensão dela, bem como sua gravidade e repercussões”, informou. Ainda em vítimas vivas, Juliana também cita a possibilidade de serem realizados exames toxicológicos para pesquisa de envenenamento ou intoxicações que possam colocar em risco a vida da própria pessoa ou de outros.
Já em cadáveres, o trabalho do médico-legista também possui grande variedade como ajudar no estabelecimento da causa da morte e do tempo decorrido; na descoberta se as lesões foram ocasionadas ainda em vida ou após a morte; na extração de projéteis para serem analisados pela balística. Além disso, também auxilia a estabelecer a distância do tiro e o trajeto de projéteis no corpo; proceder a exumações que podem esclarecer fatos antes não percebidos e coletar material para exame toxicológico para pesquisar intoxicação ou envenenamento e auxiliar na identificação da pessoa.
Carreira
Maria Juliana Caliman e Gurgel graduou-se em medicina pela Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (Emescam), no ano de 1997. Fez residência em Otorrinolaringologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro e antes de atuar na PCES, trabalhou como otorrinolaringologista no Hospital São Luiz e no Hospital Santa Mônica, ambos em Vila Velha. Ela conta porque decidiu escolher a carreira de médico-legista.
"Lembro que a motivação inicial foi pensar em um concurso, mas assim que comecei a estudar e me aprofundar na medicina legal fui inspirada pela possibilidade que há de auxiliar no esclarecimento de crimes e a sua importância no âmbito legal. É uma forma de ajudar para que a justiça seja feita. Mesmo que seja após o óbito. E isto é a mesma coisa que me motiva até hoje”, ressaltou.
A médica-legista relata o que significa a profissão em sua vida e quais são as características essenciais para o exercício dela. “A escolha da medicina legal representa fazer um trabalho que, a princípio, não é bonito, mas que pode ser muito útil e ter sua importância expressada no auxílio da Justiça. Para exercê-la é indispensável seriedade, comprometimento com a profissão, imparcialidade, ser minucioso e ter senso investigativo. Embora seja uma profissão que, a princípio, não agrade a maioria das pessoas, poder fazer a diferença e ajudar para que seja feita a justiça é uma coisa muito gratificante”, destacou.
Com pouco mais de 10 anos de carreira, ela afirma que a possibilidade de poder ajudar no esclarecimento dos fatos é o que a deixa realizada. “É difícil falar de orgulho quando se tratam de eventos que trazem tanto sofrimento às pessoas. Mas o fato de saber que podemos contribuir para a elucidação dos fatos me deixa, de certa forma, orgulhosa da profissão que escolhi”, declara.
Ela relembrou o papel fundamental que a perícia técnica teve recentemente no caso das duas crianças que foram carbonizadas em um incêndio em Linhares. “A perícia médico-legal pode confirmar que se tratava de um caso de abuso e que, ao invés de acidente, houve homicídio. Embora a vida não possa ser reestabelecida e a dor da perda não possa ser diminuída, pelo menos podemos ajudar que o autor responda pelo seu ato”, afirmou a profissional.
Texto: Fernanda Pontes
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