Governo do Estado do Espírito Santo
07/03/2020 13h04 - Atualizado em 07/03/2020 13h10

Mulheres na PC: os desafios da carreira

Delegada Denise à esquerda; Investigadora Giovana à direita.

Conciliar a vida de mãe, de esposa, os cuidados com a família e os desafios de uma carreira que é, predominantemente, exercida por homens não é uma tarefa fácil. Mas a delegada de polícia Denise Carvalho e a investigadora de polícia Giovana Juliatti fazem isso há mais de 20 anos.

Juntas, as duas contabilizam mais de 40 anos atuando na Polícia Civil do Espírito Santo (PC-ES). Denise Carvalho ingressou na Polícia em 1999 e, atualmente, ocupa o cargo de superintendente de Polícia Especializada. “Hoje, essa é a maior superintendência da Polícia Civil. São, aproximadamente, 600 policiais que atuam nas unidades especializadas do Estado. É um desafio muito grande comandar todas essas pessoas, em sua maioria, homens, mas não tive problemas nisso pelo fato de ser mulher”, relatou.

A delegada conta que nem sempre foi assim. “Antes de ser delegada aqui no Espírito Santo, fui investigadora de polícia durante oito anos na Polícia Civil de Minas Gerais. Entrei muito nova e fui trabalhar na Divisão de Tóxicos e Entorpecentes, considerada uma unidade de ponta. Como a sociedade mineira é muito machista, eu sofri sim preconceito nessa época”, disse.

Ela conta que quando passou no concurso de delegado aqui no Estado, há mais de 20 anos, também sentiu um pouco de resistência por parte das pessoas. “No início da carreira, quando trabalhava na Delegacia de Homicídios já fui em locais de crime e quando eu cheguei as pessoas e os próprios policiais civis e militares diziam: ‘ Ah, você que é a delegada?’ ou ‘ Gostaria de falar com um delegado’”, lembrou.

Já a investigadora de polícia Giovana Juliatti conta que, quando ingressou na Polícia em 1998, a discriminação existia pelo fato de ela ser nova na instituição e por ser mulher. “No meu caso, eu tive sorte porque fui para Cariacica e lá o chefe de investigação tratava todos com igualdade e, por ele ser assim, os outros policiais também faziam igual. No entanto, já ouvi inúmeros relatos de colegas minhas dizendo que sofreram algum tipo de discriminação”, revelou ela, que, após 21 anos de atividades, sendo 18 deles trabalhados no plantão da 4ª Delegacia Regional em Cariacica, aposentou-se em janeiro deste ano.

No entanto, a delegada de polícia Denise Carvalho acredita que essa realidade está mudando. “Desde que ingressei na polícia, a mulher vem cada vez mais conquistando o seu espaço, principalmente nos últimos 10 anos. No início da carreira todos reparam mais a aparência e isso gera um certo preconceito pelo fato de ser mulher. A vaidade feminina pode acabar atrapalhando a nossa carreira. Depois que as pessoas te conhecem e sabem como é o seu trabalho, acabam deixando de lado um pouco essa discriminação, mas é claro que depende também da postura proativa da mulher para romper essa barreira”, avalia.

Giovana Juliatti concorda e também acredita que a postura da mulher faz toda diferença no enfrentamento ao preconceito. “Acredito que a atitude que as mulheres tomam podem facilitar ou dificultar a discriminação no  exercício da  nossa profissão.  Muitas vezes o preconceito era da própria mulher que não queria ir para as operações, por exemplo. No meu caso, sempre que tinha uma eu ia e, com o tempo, eu fui conquistando o meu espaço. A população acha legal o fato de uma mulher fazer esse serviço que, até pouco tempo, era exclusivo dos homens”, afirmou a investigadora de polícia.

Para Denise, as pessoas estão mudando a sua concepção de que o policial tem que ser aquele homem forte e truculento. “Hoje em dia nós contamos muito mais com a perspicácia dos policiais e também com a tecnologia para nos ajudar nas investigações e a utilização desses recursos independe do sexo”, ressaltou.

Mãe de um filho, a delegada conta que enfrenta reclamações por parte dos familiares devido à sua ausência na convivência diária e por conta do estresse da profissão. “Mesmo sendo casada com um policial e tendo um irmão que também segue a carreira, eles têm certa dificuldade para entender a minha vida. O que eu digo a eles é que a Polícia é a minha maior paixão e como sabem disso, me entendem e respeitam”, afirmou.

Para a investigadora de polícia não foi muito diferente. Mãe de duas filhas, Giovana Juliatti conta que, ao longo da carreira, perdeu muitas datas comemorativas e era cobrada pela família, em especial, pelas filhas. “Não é fácil conciliar, principalmente, porque eu era o pai e a mãe, mas sempre fui muito otimista e explicava pra elas que o meu trabalho era o nosso sustento. Falava que naquele dia eu não estava com elas, mas que nos próximos três estaria, me referindo às folgas. Elas se acostumaram a me ver trabalhando no plantão. As pessoas estão vendo as mulheres com outros olhos. Estamos conquistando, cada vez mais, nosso espaço no mercado de trabalho, na política e muitos homens nos apoiam e querem que andemos juntos. Estamos mostrando que somos capazes de fazer o que quisermos. É isso que eu passo para minhas filhas”, concluiu.

 

Texto: Fernanda Pontes

 

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