Governo do Estado do Espírito Santo
05/07/2023 12h58 - Atualizado em 05/07/2023 12h59

Operação Grabbing de combate à apropriação de terra prende sete suspeitos de organização criminosa



A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio do 12º Distrito Policial da Serra, deflagrou, na manhã dessa terça-feira (04), a Operação Grabbing, com foco no cumprimento de mandados de buscas e apreensão de uma organização criminosa que, desde 2021, patrocina invasões e posse à força de propriedade privadas na Serra. O sétimo alvo da operação se apresentou na delegacia, na manhã desta quarta-feira (05).

Durante a ação, foram detidas seis pessoas, sendo dois militares da reserva, e apreendidas armas de fogo, além de munições, celulares e computadores. A operação ocorreu nos municípios de Serra, Vitória e Cariacica, e contou com o apoio de policiais civis da 3ª Delegacia Regional da Serra, Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), 2ª Delegacia Regional de Vila Velha e da força tarefa do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP).

As investigações demonstram que a organização criminosa, desde de 2021, patrocina invasões e posse à força de propriedade privadas no polo industrial localizado no bairro de Civit I, na Serra. Além disso, participantes da organização criminosa se dizem herdeiros de uma boa parte da Grande Jacaraípe, na Serra, mas sem nenhuma prova documental.

"É desse modelo que a organização criminosa age. Eles chegam no local em vários carros, a maioria dos integrantes portando armas de fogo e se dizendo herdeiros de um espólio, que, segundo eles, abrange toda área de Civit I e Civit II, onde está situado o Polo Industrial de Civit I. No Polo, há cerca de 80 empresas instaladas de mármores e granitos, químicos e abrasivos, engenharias e montagens, plásticos e espumas metal mecânica, transportes e serviços", disse o titular do 12º Distrito Policial da Serra, o delegado Josafá da Silva.

Segundo o delegado, a área reivindicada pelos investigados vai do bairro Civit até o bairro Jacaraípe. "Depois de invadir as propriedades, eles colocam placas dizendo que seriam os legítimos proprietários. Invadem propriedades particulares de empresas e de moradias, promovem vandalismos, ameaçam os proprietários até mesmo de morte, no caso de resistência à ocupação, uma vez que a maioria porta armas de fogo e realiza disparos nos locais", disse Josafá da Silva.

De acordo com o titular do 12º Distrito Policial da Serra, os suspeitos promovem o terrorismo contra os proprietários lingando para os celulares e ameaçando de morte, no caso de algum tipo de resistência. “Eles agem quase sempre aos sábados e chegam nos locais em vários veículos, numa média de dez carros e mais de 15 suspeitos”, completou. 

O delegado informou que participam da organização criminosa um comerciante, um líder comunitário, um ex-vereador e policiais militares da reserva.

"Os que foram identificados e sofreram as medidas cautelares impostas pela Justiça, objeto da operação policial, são os líderes da organização criminosa. Eles agem como uma milícia particular, uma vez que a intenção maior é o domínio de território à força e com imposição da vontade deles", contou Silva.

Os suspeitos são investigados por milícia particular, esbulho possessório, ameaças, roubos, dano material, porte ilegal de armas de fogo e disparo de arma de fogo.

O sétimo alvo da Operação Grabbing se apresentou na delegacia na manhã desta quarta-feira (05). Os investigados depois das oitivas foram conduzidos ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para realizar exame de corpo de delito e, posteriormente, à Secretaria de Justiça (Sejus) para a colocação de tornozeleiras eletrônicas.

Operação Grabbingo nome da operação faz referência ao fenômeno mundial conhecido como “land grabbing”, relacionado à grilagem, caracterizado pela apropriação massiva de terras públicas e privadas. 


Texto: Olga Samara Gomes

 

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