A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio do 18º Distrito Policial de Viana, concluiu, na última quarta-feira (12), o inquérito policial que apurou a prática dos crimes de extorsão mediante sequestro e organização criminosa armada. Dois homens, de 25 e 23 anos, foram presos em Cariacica.

O titular do 18º Distrito Policial de Viana, delegado Ygor Pereira, relatou em detalhes sobre as investigações.

“As investigações tiveram início em agosto, por força de prisão em flagrante, para apurar um crime no qual um vendedor de aparelhos de celular foi privado de sua liberdade e mantido em cativeiro, enquanto sua companheira era coagida, sob grave ameaça, a realizar transferências financeiras”, disse o delegado.

Segundo as apurações, a vítima foi atraída ao bairro Nova Rosa da Penha, em Cariacica, sob o pretexto de realizar a venda de um aparelho celular. Para que a vítima se deslocasse até o local, foi exigido um valor de R$ 300,00.

“Ao chegar ao local, a vítima foi rendida pelos dois indivíduos armados, e levada a um cativeiro. Simultaneamente, um terceiro indivíduo de 26 anos, líder da associação criminosa que coordenava a ação por telefone, passou a extorquir a esposa do vendedor. Os executores do sequestro realizaram uma transferência diretamente do celular da vítima no valor de R$ 774,00. A esposa também foi coagida a realizar uma transferência do saldo total na sua conta, no valor de R$ 294,00”, explicou o delegado.

Além dos três indivíduos, a organização criminosa contou ainda com outro executor, um homem de 18 anos, que foi até a residência das vítimas em Viana com a função de intimidar a esposa, garantir o pagamento da extorsão e recolher produtos eletrônicos. Ele foi preso em flagrante pela Guarda Municipal de Viana. A esposa enviou imagens do homem para o celular do marido, que estava em cativeiro. Ao saber que um dos envolvidos havia sido preso, a dupla fugiu levando dois aparelhos celulares da vítima.

“A partir das diligências investigativas, que incluíram análise de dados telemáticos, interceptação telefônica, análise do Cerco Inteligente, vigilância e diversas diligências de campo, a Polícia Civil logrou êxito em identificar toda a estrutura da organização criminosa”, destacou Pereira.

A investigação apontou que o grupo utilizava estruturas complexas para dificultar o rastreamento, como perfis falsos em redes sociais, várias linhas telefônicas registradas em nomes de terceiros, mudanças constantes de domicílio e veículos. Também foi identificado que os envolvidos se desfizeram da motocicleta usada no crime logo após os fatos.

O líder da associação criminosa, foi identificado e coordenou toda a ação de dentro do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Ele está foragido e possui cinco mandados de prisão em aberto por homicídio, todos expedidos pela Justiça do Espírito Santo.

Durante as investigações, o líder entrou em contato com a vítima por redes sociais e forneceu detalhes do crime.

“Diante das investigações, o suspeito, em um ato de vingança, entrou em contato com a vítima, por meio de redes sociais e deu diversas informações acerca do crime praticado como: placa da motocicleta, nome, endereço e foto dos executores, confirmando todos os elementos de informação que já haviam sido levantados pela investigação”, detalhou o delegado.

A apuração identificou que o objetivo dele era que os executores fossem presos e, posteriormente, punidos pela própria facção criminosa dentro do sistema prisional. Apesar do uso de perfis falsos, a Polícia Civil conseguiu realizar sua qualificação completa.

Em novembro, após uma abordagem, a Guarda Municipal de Cariacica cumpriu os mandados de prisão dos dois executores, de 25 e 23 anos.

Ao todo, seis indivíduos foram denunciados por extorsão mediante sequestro qualificado e organização criminosa armada. Outros dois foram denunciados por receptação culposa por terem adquirido a motocicleta utilizada no crime sem documentação e por valor muito abaixo do mercado.

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