A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat), com o apoio da Subsecretaria de Inteligência (SEI) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), concluiu as investigações da Operação Marujada, deflagrada para desarticular lideranças e integrantes do Primeiro Comando de Vitória (PCV). Com a investigação, houve o indiciamento de 21 pessoas, denunciadas pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
A operação foi realizada no dia 25 de abril deste ano nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana, com o cumprimento de 22 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão. Um dos alvos da ação figurava entre os mais procurados pela Secretaria da Segurança Pública. As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (18), na Chefatura da Polícia Civil, em Vitória.
A investigação teve início após a prisão de um dos principais líderes do grupo, conhecido como “Marujo”, em março do ano passado. A partir disso, o Ciat reuniu os elementos que subsidiaram as diligências e os pedidos de prisão.
O delegado do Centro de Inteligência e Análise Telemática, Alan Moreno de Andrade, destacou a importância das prisões realizadas e o impacto da operação sobre a organização criminosa. “Conseguimos efetuar prisões importantes, tirar de circulação o ‘Boca-de-Lata’, um homem de 25 anos, a prisão mais importante do dia. Ele veio do Rio de Janeiro, juntamente com o ‘Thiago Folha’, para efetuar a tomada da Conquista, que, infelizmente, vivencia uma realidade de guerra e tiroteios. Mesmo com a prisão deles, o objetivo do PCV não mudou, que é o de angariar territórios. A operação teve início no dia da prisão dele. Conseguimos compreender toda a dinâmica da facção e a divisão que ocorreu: o PCV antigo e o PCV vermelho”, observou.
Ainda segundo o delegado Alan Moreno de Andrade, a investigação buscou não apenas identificar os autores dos crimes, mas também compreender a estrutura de sustentação da organização criminosa, incluindo a rede de apoio que permitia a permanência de foragidos em liberdade por anos.
“Em contexto operacional, visamos nessa investigação continuar as operações contra o PCV e compreender como funcionava essa organização criminosa. Gostaríamos de entender como uma pessoa ficou sete anos foragida sendo o principal procurado do Estado. Ninguém consegue fazer isso sem uma rede de apoio muito grande. Durante as análises, percebemos uma grande quantidade de pessoas que mantinham contato com o ‘Marujo’, algumas sem saber com quem estavam se comunicando. Ele era muito ligado ao GVT. Estava na Rocinha e, durante as investigações, analisamos que ele migrou para o Espírito Santo com o objetivo de tomada de território”, disse.
O delegado também destacou que as facções criminosas vêm diversificando suas fontes de receita, atuando em diferentes frentes ilícitas que vão além do tráfico de drogas. “Percebemos que as facções criminosas não atuam somente com tráfico de drogas. Há também crimes, como o ‘Gato Net’, a cobrança de taxas para moradores entrarem em bairros ou comprarem de determinadas empresas. No Rio de Janeiro, o tráfico representa apenas de 10% a 15% da renda dessas organizações. Cerca de 85% do lucro vem dessas outras formas de crime”, afirmou.
O delegado também detalhou a atuação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICO) na prisão do GVT, considerado peça-chave da facção: “Tivemos o apoio da FICO para prender o GVT. A prisão dele era tão importante que contou com duas forças armadas envolvidas. Quando nos aproximamos da residência dele, ele percebeu a movimentação e conseguiu fugir. Mas, como a equipe da FICO estava monitorando-o, conseguimos localizá-lo no trevo de Guarapari, quando tentava retornar ao Rio de Janeiro.”
De acordo com a investigação foi constatado que o tráfico de drogas no bairro Canaã, em Viana, era dividido entre Marujo e GVT. A tomada do tráfico na região contou com o apoio direto de GVT. Outros alvos relevantes da operação também foram capturados, como “B2”, de 22 anos, apontado como braço direito de Marujo e responsável por adquirir materiais e mantimentos para o foragido, evitando sua exposição. Também foi preso o “Barriguinha”, integrante antigo do tráfico com a função de monitorar um drone utilizado para lançar aparelhos eletrônicos dentro do sistema prisional.
Segundo o delegado, a investigação também revelou detalhes sobre a rede de comunicação usada por Marujo e seus comparsas, “mesmo com a prisão de alguns deles”. “Um advogado, atualmente preso por decisão do Gaeco por integrar uma facção criminosa, era um dos responsáveis por transmitir as ordens do Marujo. Era feito um ‘catuque’, geralmente com um guardanapo, material de fácil acesso nos presídios. Eles escreviam mensagens manuscritas com letras muito pequenas”, pontuou Andrade
Dez dos denunciados seguem foragidos e estão sendo procurados pela Polícia Civil. A população pode contribuir com informações de forma anônima por meio do Disque-Denúncia 181, que também tem um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.
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