A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, concluiu o inquérito que apurava o assassinato do professor de jiu-jitsu Stanley Stein, de 48 anos, que ocorreu no dia 28 de fevereiro, no bairro Araçás, em Vila Velha. Um homem de 35 anos e uma mulher de 23 anos foram presos em março, nos bairros Jaburuna e Ilha de Ayres, também em Vila Velha, respectivamente. Ambos já respondem como réus em ação penal.
Os detalhes do caso foram apresentados em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (14), na Chefatura da Polícia Civil, em Vitória, após os suspeitos se tornarem réus em ação penal.
De acordo com o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Daniel Forte, o crime foi meticulosamente planejado pelo suspeito. “Ele passou a monitorar a vítima e indicou o local onde o professor morava e também observou sua rotina. Inclusive, no dia 27 de fevereiro, na noite anterior ao crime, ele ficou nas proximidades da casa da vítima, ciente de que ela sairia cedo para dar aula de jiu-jitsu”, disse o delegado.
No entanto, o plano não se concretizou naquele dia, pois Stanley saiu acompanhado da filha. “Como era uma aula infantil, ele estava com a filha, que faria a passagem de faixa na academia. Quando o executor viu que a criança estava junto, ele abortou a missão. Ele também cogitou agir quando viu Stanley na varanda, mas desistiu ao lembrar que o pai do Stanley era um senhor de idade e poderia ser atingido. Então, ele já conhecia toda a rotina e os deslocamentos da vítima”, explicou Fortes.
Ainda de acordo com o delegado, o autor tentou simular uma legítima defesa, caso fosse surpreendido. “Ele imaginava que, ao ser reconhecido, o Stanley poderia partir para cima dele, e então, armado, poderia alegar legítima defesa. Segundo ele, os dois já teriam tido um atrito anterior, em janeiro, em frente à loja onde ele trabalhava. Por isso, ele acreditava que a reação da vítima justificaria a execução.”
Na manhã do dia 28, o executor deu sequência ao plano. “Ele levou a esposa e a mãe ao trabalho e seguiu para o bairro Araçás. Chegou cerca de 10 a 15 minutos antes da saída da vítima e ficou aguardando. Segundo ele, estava distraído no celular quando viu o Stanley sair de casa. A vítima fecha o portão e caminha de costas. Nesse momento, ele se aproxima e efetua quatro disparos. Dois deles atingiram a vítima fatalmente, que ainda tentou correr, mas caiu no meio da rua, em uma cena presenciada pelo pai do Stanley da varanda da casa”, relatou o delegado.
Ainda segundo Fortes, a equipe foi para as ruas logo que soube do crime e iniciou a coleta de diversas imagens. “Em uma delas, percebemos que um carro comum, um Fiat Siena, saía da cena do crime. Com o auxílio da Polícia Rodoviária Federal, conseguimos confirmar que o veículo não tinha sinais de clonagem e pertencia à família do executor. Isso foi essencial para o avanço da investigação.”
A partir da identificação do veículo, a polícia chegou ao executor e descobriu um elo crucial: a ex-companheira da vítima trabalhava na mesma loja que ele. “Durante as diligências, identificamos que a mulher mantinha um relacionamento com o autor do crime desde janeiro. Ela alegou que vivia um relacionamento abusivo com Stanley, que começou em abril do ano anterior e terminou em dezembro. No interrogatório, o executor afirmou que todas as informações sobre a rotina da vítima foram repassadas por ela.”
A mulher chegou a ser ouvida como testemunha no mesmo dia do crime. “Ela compareceu à delegacia por volta das 16h. Mostramos a ela as imagens que tínhamos do local do homicídio e perguntamos se reconhecia o suspeito. Ela negou. Em seguida, voltou para o trabalho e relatou ao executor que a polícia já tinha imagens, embora embasadas, e que suspeitava da existência de um carro envolvido. Isso mostra que ela compartilhou com ele informações sensíveis da investigação”, afirmou Fortes.
O delegado destacou também o grau de planejamento do crime e o esforço do suspeito para encobrir os rastros: “o executor usou uma pistola registrada em seu nome e um carro do pai. Ele deixou o carro afastado da cena e escondeu a arma na área de estoque da loja. Após o crime, adulterou o sistema de gravação da loja, apagando as imagens do dia do homicídio. Criou arquivos falsos com imagens dele no local, com roupas diferentes, tentando construir um álibi.”
Por fim, Fortes pontuou que o autor era uma pessoa de confiança no local onde trabalhava. “Ele era gerente da loja há dois anos e funcionário há 17. Ninguém desconfiava dele. Durante as investigações, encontramos as imagens forjadas. Em nenhum momento ele nos apresentou esse material, o que demonstra a tentativa de manipular as evidências.”
O superintendente da PRF-ES, Wermeson Pestana, falou sobre a importância da integração entre as forças policiais: “a Polícia Civil compartilhou conosco informações sobre o veículo usado pelo executor. A partir disso, nossa equipe de inteligência, em parceria com a Delegacia Metropolitana, conseguiu identificar o carro, a placa e as características. Era, de fato, um Fiat Siena, e não havia indícios de clonagem. Isso foi essencial para auxiliar nas investigações da Polícia Civil.”
A perita oficial criminal Fernanda Silveira, chefe do Departamento de Balística Forense do Instituto de Criminalística da Polícia Científica (PCIES), apontou que o controle balístico confirmou o uso da arma apreendida. “No departamento, analisamos as armas e os projéteis suspeitos. No caso, foram quatro estojos coletados na cena do crime. O resultado foi positivo para a arma apreendida.”
Questionada se a marca deixada pela arma funciona como uma impressão digital, a perita confirmou: “cada arma tem uma marca específica. Usando um microscópio, comparamos os estojos da cena do crime com os de testes e confirmamos que são compatíveis.”
Os suspeitos foram indiciados por homicídio qualificado, por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e perigo comum, uma vez que os disparos foram realizados em via pública, por volta das 7h30 da manhã, colocando outras pessoas em risco. O autor também foi indiciado por fraude processual, em razão da adulteração no sistema de gravação da loja onde trabalhava e pelo fato de ter escondido a arma utilizada no crime, com o objetivo de dificultar as investigações da Polícia Civil. A mulher, por sua vez, foi indiciada pelos mesmos crimes de homicídio, mas não responde por fraude processual.
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