A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, concluiu o inquérito sobre o assassinato do empresário Wallace Lovato, ocorrido em Vila Velha no dia 09 de junho. Cinco pessoas foram identificadas como envolvidas no crime e são réus em ação penal. Quatro estão presas e uma é considerada foragida.
A operação contou com o apoio da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SEI/Sesp), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Científica (PCIES) e Polícia Penal (PPES) do Espírito Santo, além de Guardas Municipais de Vitória e Vila Velha. Os detalhes da investigação foram apresentados na manhã dessa segunda-feira (11), na Chefatura de Polícia Civil, em Vitória.
O delegado-geral da PCES, José Darcy Arruda, ressaltou que o caso foi resolvido em tempo recorde, graças à atuação integrada das forças de segurança. “Chegamos à conclusão sobre o executor, os intermediários e o mandante, que é o mentor intelectual do crime. O caso está encerrado e o compromisso é que os envolvidos paguem pelas graves consequências do homicídio, que tirou a vida de um empreendedor e pai de família”, afirmou Arruda.
Segundo o superintendente da PRF-ES, Wermeson Pestana, a Polícia Rodoviária Federal teve papel fundamental ao identificar veículos utilizados no crime, inclusive um veículo clonado que transitava em Minas Gerais e outro utilizado na fuga que passou pela Bahia. “A análise dos sistemas de monitoramento foi essencial para localizar os veículos envolvidos na execução e fuga dos suspeitos”, explicou.
O chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Daniel Fortes, detalhou a participação do mandante Bruno Valadares, que, segundo a investigação, desviava valores da empresa da vítima para custear uma vida de luxo, incluindo a compra de veículos, imóveis e ouro. “Ele começou a fazer movimentações financeiras suspeitas em 2023, transferindo grandes quantias para suas contas pessoais, chegando a um desvio estimado entre 4 a 9 milhões de reais, valor ainda em apuração pela empresa”, disse.
De acordo com o delegado Daniel Fortes, o planejamento do homicídio, teve início em julho de 2023, após o surgimento das suspeitas de desvios financeiros na empresa. O mandante organizou o crime para não estar presente no Estado no dia do assassinato, garantindo uma fuga organizada pelos executores, que trocaram placas de veículos e usaram diferentes rotas para dificultar a identificação.
A execução ocorreu na sede da empresa em Vila Velha, onde os assassinos aguardaram a vítima por horas antes de atirar na cabeça de Wallace Lovato. Os criminosos fugiram usando veículos clonados e, posteriormente, viajaram para Teixeira de Freitas (BA), onde o esquema de lavagem de dinheiro estava sendo estruturado, incluindo a criação de uma empresa de manutenção em ar-condicionado para esconder os recursos desviados.
O delegado Daniel Fortes afirmou ainda que a prisão do intermediário Bruno Nunes, ainda foragido, é fundamental para o completo desfecho do caso: “Ele é peça-chave na movimentação do dinheiro e participação direta no planejamento e execução. Acreditamos que ele esteja entre Minas Gerais e Bahia, e contamos com o apoio das polícias locais para sua captura.”
Resumo do caso
O homicídio do empresário Wallace Lovato ocorreu no dia 09 de junho, em Vila Velha. O crime foi motivado por desvios financeiros descobertos na empresa Globalsys, liderados por Bruno Valadares, diretor financeiro, que planejou o assassinato para impedir que as irregularidades fossem reveladas.
Linha do tempo e principais fatos
Bruno Valadares ingressou na Globalsys em 2022 e, ao longo do tempo, conquistou a confiança do empresário Wallace Lovato, chegando ao cargo de diretor financeiro. No segundo semestre de 2023, Bruno começou a desviar valores da empresa, transferindo recursos de uma conta acessada por Wallace para outra exclusiva dele, usando o dinheiro para adquirir bens de luxo e manter um padrão de vida incompatível com sua renda declarada.
Em 2024, Wallace passou a desconfiar das finanças da Globalsys e solicitou a realização de uma auditoria interna para apurar possíveis irregularidades. Sentindo-se ameaçado, Bruno Valadares iniciou um plano para eliminar Wallace, contratando Bruno Nunes da Silva, conhecido seu, para intermediar e organizar o assassinato. Bruno Nunes recrutou os demais envolvidos: Arthur Laudevino, responsável pela direção, Arthur Neves, executor, e Eferson Ferreira, condutor do veículo.
Entre o final de maio e o início de junho deste ano, o grupo chegou ao Espírito Santo para os preparativos finais, realizando reconhecimento do local e preparando os veículos clonados que seriam usados no crime. No dia 08 de junho, véspera do homicídio, Eferson desistiu e retornou para Teixeira de Freitas (BA), fazendo com que Arthur Laudevino assumisse a função de motorista no dia seguinte.
No dia 09 de junho, por volta das 4h da manhã, Arthur Laudevino buscou Arthur Neves e, após trocarem as placas clonadas dos veículos, seguiram para a empresa de Wallace Lovato. Durante a manhã, Wallace não apareceu, mas chegou ao meio-dia. No final da tarde, Wallace foi assassinado com um tiro em frente à empresa. Após o crime, os envolvidos fugiram pela Terceira Ponte, descartando roupas, armas e placas clonadas pelo caminho. Arthur Neves seguiu para a Paraíba em uma motocicleta clonada, enquanto Arthur Laudevino e Bruno Nunes retornaram ao Espírito Santo.
A Polícia Civil utilizou o sistema de cerco inteligente do Governo do Estado para rastrear os veículos e localizar os suspeitos. Arthur Laudevino foi preso em Minas Gerais em 17 de junho, Arthur Neves foi capturado na Paraíba em 19 de junho, e Eferson se apresentou e foi preso em Vila Velha no dia 23 de junho. Bruno Valadares teve sua prisão temporária decretada e foi detido no Espírito Santo. Bruno Nunes permanece foragido.
Desvios e investigação financeira
A investigação revelou que Bruno Valadares desviou milhões da Globalsys, adquirindo bens como joias (cerca de R$500 mil), imóveis rurais (mais de R$800 mil), veículos (aproximadamente R$370 mil) e custeando viagens internacionais. Os valores desviados ainda são apurados em auditoria interna da empresa. Até o dia da coletiva de imprensa, o desvio apurado já passava da casa dos R$9 milhões de reais.
Bruno Valadares pagava mensalmente cerca de R$10 mil a Bruno Nunes para organizar o homicídio, totalizando aproximadamente R$150 mil destinados à empreitada criminosa. Bruno Nunes recrutou três envolvidos: Eferson Ferreira Alves, que recebeu R$ 20 mil para dirigir o veículo no dia do crime, mas desistiu e retornou para Teixeira de Freitas; Arthur Neves de Barros, executor do homicídio, que recebeu R$ 50 mil; e Arthur Laudevino Candeias Luppi, que além de apoio logístico, atuou como motorista no dia do crime, recebendo também R$ 20 mil.
Situação atual dos envolvidos:
Bruno Valadares – mandante – preso.
Bruno Nunes da Silva – intermediário – foragido.
Arthur Laudevino – motorista – preso.
Arthur Neves – executor – preso.
Eferson Ferreira Alves – condutor e apoio – preso.
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