A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), prendeu em flagrante, na última terça-feira (15), um advogado de 27 anos, suspeito de extorquir um empresário do Oriente Médio. A vítima relatou ter sido coagida a transferir a quantia de um milhão de dólares, sob ameaça de divulgação de informações sigilosas. O investigado foi localizado e detido no município de Linhares, Norte do Estado.
Os detalhes das investigações foram divulgados em coletiva, na tarde dessa terça-feira (22), na Chefatura de Polícia Civil, em Vitória. De acordo com o chefe da Divisão Patrimonial (DRCCP) e titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade, a ocorrência foi registrada após o escritório de advocacia que representa o empresário, com sede em São Paulo, procurar a Polícia Civil capixaba na segunda-feira (14). Segundo a investigação, o suspeito teria iniciado contato com o empresário no início de julho, construindo uma relação de confiança.
"Durante as conversas, o investigado teve acesso a dados confidenciais da vítima, relacionados à sua atividade profissional, e passou a ameaçá-la, exigindo o valor milionário. O crime de extorsão se caracteriza pela exigência de uma vantagem indevida mediante grave ameaça, e não é necessário que a quantia seja efetivamente paga. O simples fato de exigir o valor com coação já configura o crime”, explicou Brenno Andrade.
As extorsões tiveram início na quinta-feira da semana retrasada (10). Ao tomar conhecimento do caso, a Justiça de São Paulo determinou a remessa do procedimento para a Delegacia de Crimes Cibernéticos da PCES, que deu continuidade às investigações.
“No momento da abordagem, o investigado estava entrando com o carro na garagem. Ele confessou o crime e, de forma espontânea, nos mostrou as conversas mantidas com o empresário. A materialidade estava toda lá: mensagens, prazos, ameaças e até dados bancários para a transferência”, detalhou o delegado.
Na residência do suspeito, foram apreendidos dois aparelhos celulares e um computador. O delegado Brenno Andrade destacou ainda que o prazo final dado pelo investigado para o pagamento do valor terminava exatamente no dia da prisão, o que exigiu agilidade por parte da equipe policial. “Foi uma ação rápida para evitar que os dados confidenciais fossem vazados, o que poderia causar prejuízos significativos à vítima no exterior”, afirmou Andrade.
O advogado foi conduzido à Delegacia de Crimes Cibernéticos, em Vitória, onde foi lavrado o flagrante pelo crime de extorsão, previsto no artigo 158 do Código Penal, com pena de quatro a dez anos de reclusão.
"Um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhou o procedimento e constatou que os fatos não estavam relacionados ao exercício da advocacia. O fato de ele ser advogado não tinha relação com o crime praticado, embora ele tenha utilizado conhecimento jurídico para tentar dificultar a investigação, inclusive consultando um contador sobre como fazer a transferência internacional”, disse o delegado.
Após audiência de custódia, foi arbitrada fiança no valor de R$ 30 mil, paga pelo investigado, que responderá ao processo em liberdade. “É um caso incomum. Uma vítima no Oriente Médio, um investigado com formação jurídica no interior do Espírito Santo, que tinha plena consciência dos seus atos e, ainda assim, decidiu praticar o crime. Agora, caberá à Justiça aplicar a devida responsabilização”, informou o delegado Brenno Andrade.
Assessoria de Comunicação Polícia Civil
Comunicação Interna – (27) 3198-5832 / 3198-5834
Informações à Imprensa:
Olga Samara / Matheus Foletto
(27) 3636-1536 / (27) 99846-1111 / (27) 3636-1574 / (27) 99297-8693