A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Delegacia Especializada de Falsificações e Defraudações (Defa), prendeu, nessa segunda-feira (18), dois homens, com 32 e 36 anos, e uma mulher de 38 anos. Eles são suspeitos de serem integrantes de uma organização criminosa que praticava o golpe do bilhete premiado, tendo como vítimas pessoas idosas. 

Com eles, foram encontrados um "kit bilhete premiado" com vários envelopes, diversos blocos de notas promissórias, cartões de plástico parecidos com os de crédito, lacres, uma bolsa malote, diversas borrachinhas de dinheiro e dois bilhetes "premiados" de dois concursos de 2022. Detalhes sobre a prisão e a investigação foram divulgados em entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira (21), na Chefatura de Polícia Civil, em Vitória.

“A cada golpe há, no mínimo, cinco indivíduos que atuam. O primeiro é o olheiro fixo, que fica semanas observando as vítimas, abordando para verificar se o idoso é receptivo a conversar com estranhos. O segundo elemento é o olheiro do dia do golpe, observando se não há policiais no entorno do banco e se a vítima não está com familiares. Já o terceiro integrante é o que está com o bilhete premiado falso. O quarto chega para dar assistência ao terceiro comparsa, fazendo um depósito falso. E o último indivíduo faz uma simulação de ligação com um funcionário da Caixa Econômica para agendar o saque do dinheiro”, explicou o titular da Delegacia Especializada de Falsificações e Defraudações, delegado Douglas Vieira.

Os criminosos mencionam que pertencem a uma igreja que não permite que eles recebam valores de jogos de azar, porque contraria a fé divina, fazendo as vítimas assinarem um documento promissório. Dessa forma, o idoso tem que pagar a metade do prêmio. Dizendo ainda para as vítimas para não comentarem com ninguém sobre o bilhete, alegando que poderiam ser sequestrados no caminho ao banco. 

Seis idosos foram vítimas do bilhete premiado no Estado. A primeira delas foi no dia 10 de novembro de 2021, perdendo R$ 20 mil. A segunda pessoa foi enganada no dia 20 de janeiro deste ano e teve R$ 350 mil de prejuízo. A terceira e a quarta vítima foram no dia 27 e 29 de abril, respectivamente. Delas, foram subtraídos R$ 27 e 69 mil. A quinta vítima foi no dia 31 de março e levou o prejuízo de R$ 200 mil, e a última foi no dia 02 de maio deste ano, a organização criminosa levou dela R$ 200 mil também.

As equipes policiais, ao consultarem os antecedentes criminais dos suspeitos, descobriram que eles têm passagens por bilhete premiado falso, furto e roubo. Os três suspeitos estavam hospedados em um hotel, em Vitória, onde foram presos. Ao tentarem aplicar outro golpe, sem êxito, estavam se preparando para sair do Estado. Eles foram autuados em flagrante delito por organização criminosa e encaminhados ao presídio, ficando à disposição da Justiça.

As investigações continuam no intuito de identificar outros integrantes da organização criminosa e recuperar o dinheiro subtraído. “Recuperar os valores perdido não é fácil, pois o estelionatário tem a cultura de gastar dinheiro com viagens, restaurantes, comprando roupas de marcas, não juntando valores, havendo muitas pessoas envolvidas, ou seja, o dinheiro é pulverizado para liberar capitais perdidos. Essa é a nossa dificuldade. Quem pratica esse crime, pode chegar a dez anos de prisão, a cada golpe aplicado, respondendo ainda pelo crime de organização criminosa, que é mais oito anos de detenção”, acrescentou o delegado Douglas Vieira.

Orientações

O titular da Defa orienta que os idosos jamais devem conversar com estranhos. Tudo começa quando esse estranho pede informações simples, como “estou procurando uma rua”. Esses tipos de perguntas simples são para verificar se o idoso é receptivo à fala com qualquer um. Estelionatários são bem vestidos, simpáticos e transmitem credibilidade. Caso alguém cite sobre o bilhete premiado, é golpe. Acione imediatamente uma autoridade policial mais próxima ou ligue para o 190 da Polícia Militar. 

Texto: Brenda Corti, estagiária da Seção de Imprensa e Comunicação Interna (Sicoi)

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