Nessa segunda-feira (28), a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) realizou uma entrevista coletiva com o intuito de repassar detalhes sobre a investigação dos atentados nas escolas Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti e Centro Educacional Praia de Coqueiral de Aracruz, ocorridos na última sexta-feira (25).
A coletiva, que aconteceu na sede da Sesp, em Vitória, contou com a presença do secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Marcio Celante, e de autoridades da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) , Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Para o coronel Marcio Celante, a rápida mobilização das forças de segurança permitiu que as vítimas fossem atendidas e que o infrator fosse detido no mesmo dia do fato. “Nossa preocupação prioritária era o atendimento às vítimas. Depois disso, nos empenhamos em encontrar o suspeito, e o trabalho integrado entre o setor de inteligência da Sesp e as forças de segurança permitiu que pudéssemos prender o acusado e iniciar as investigações”, afirmou.
“Diante dos fatos, gostaríamos de tranquilizar a população de Aracruz. Nós fizemos a captura do adolescente que cometeu os atos e isso é algo importante, pois estamos fazendo o máximo para que a população do município possa se sentir segura e tranquila novamente”, disse.
O caso
Na última sexta-feira (25), um adolescente de 16 anos se deslocou até as duas escolas e cometeu os atentados durante a ausência dos pais, que haviam ido até o Centro de Aracruz para fazer compras. A ação criminosa deixou quatro mortos, além de feridos.
Após receber informações sobre a ocorrência, a Polícia Militar solicitou o apoio de outras forças de segurança para realizar o atendimento às vítimas e efetuar a captura do suspeito. A operação integrada entre as agências permitiu que o adolescente fosse detido no mesmo dia, em uma casa de praia, localizada no bairro Mar Azul com sua família. Os pais do infrator tinham ciência do ocorrido, mas disseram não saber que o filho havia sido o autor do atentado.
Segundo o tenente Farias, da Polícia Militar, as buscas foram iniciadas logo após o socorro das vítimas. “Contamos com o auxílio das outras polícias, como a Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal. Também convocamos os policiais que estavam de folga, que nos ajudaram muito nas coletas de informações e, a partir desse trabalho, conseguimos encontrar um endereço onde o autor poderia estar. O veículo utilizado no ataque, de modelo Renault Duster, foi encontrado na residência, mas a casa estava vazia”, relatou o policial.
“Porém, nós sabíamos que o pai do menor tinha outra residência no bairro Mar Azul. Lá, encontramos o adolescente, que de início negou seu envolvimento no crime, mas posteriormente admitiu a autoria após apresentarmos as provas que coletamos com as outras forças de segurança. Com isso, realizamos as buscas, apreendemos os objetos utilizados na ação criminosa e deixamos a ocorrência aos cuidados da Polícia Civil, que assumiu depois da apreensão”, completou.
De acordo com as primeiras informações que foram levantadas pela Polícia Civil durante o a oitiva do adolescente, o crime pode ter sido motivado pelo bullying que ele alega ter sofrido na escola. O menor afirmou que planejou a ação durante dois anos e que aproveitava os momentos de ausência dos pais em casa para manusear as armas de fogo que pertenciam ao pai, as mesmas utilizadas para cometer os delitos.
Segundo o delegado titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Aracruz, André Jaretta, que está à frente do caso, o adolescente fazia acompanhamento psicológico e tomava medicações, porém, era muito distante da família. “Os pais não sabiam de nada do que estava acontecendo. Eles explicaram que ele ia ao psicólogo, ao psiquiatra e fazia uso de medicação, porém, ele nunca se abria com ninguém e era muito distante da família. Ele não tinha uma relação de amizade nem com o pai e nem com a mãe”, explicou o delegado.
O adolescente foi autuado em flagrante por atos infracionais análogos aos crimes de homicídios consumados e tentativas de homicídios. Ele foi encaminhado ao Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) e a investigação segue em andamento.
“Iremos considerar todas as linhas de investigação para podermos trazer uma solução sobre o fato, porém, é importante ressaltar que algumas informações só poderão ser coletadas a partir de uma investigação aprofundada. Com isso, poderemos saber se o adolescente recebeu influências externas para cometer o ato, se ele costumava acessar fóruns da ‘deep web’ e outros dados que podem ser importantes para o inquérito policial, já que no momento não há indícios dessas questões citadas”, afirmou o delegado.
Texto: Rachel Nunes, estagiária da Assessoria de Comunicação SESP
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