A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) e a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) deflagraram, no último dia 29, a "Operação Conexão Perdida", com atuação no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, visando desarticular a organização criminosa "Terceiro Comando Puro (TCP)". A operação mobilizou mais de 300 policiais e resultou na prisão de 10 pessoas. No Rio de Janeiro, ações foram realizadas com o apoio das forças policiais fluminenses.
As investigações identificaram que os líderes da facção no Espírito Santo utilizavam a extorsão de empresários dos setores de internet, gás e água como principal fonte de renda. Para atuar em áreas dominadas pelo grupo, essas empresas eram obrigadas a pagar uma mensalidade. Os valores obtidos eram movimentados por meio de contas bancárias diversas, incluindo uma lotérica e um "banco paralelo" localizado no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.
Os resultados e detalhes da investigação foram divulgados em entrevista coletiva realizada na última sexta-feira (31), na Chefatura de Polícia Civil, em Vitória.
O secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Leonardo Damasceno, destacou a importância da operação no combate ao crime organizado. "Nosso objetivo é desarticular financeiramente as facções, cortando suas fontes de capitalização. Essas organizações tentam dominar territórios e extorquir prestadores de serviços, impactando negativamente a população", afirmou.
O subsecretário de Estado de Inteligência, delegado Romualdo Gianordoli, ressaltou que a investigação identificou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro. "As mensalidades cobradas variavam entre R$ 3 mil e R$ 10 mil. Mapeamos um portfólio de contas bancárias usadas pelos traficantes e descobrimos um banco paralelo, estruturado para movimentar recursos ilícitos", explicou.
No total, foram apreendidos sete fuzis, três pistolas e duas espingardas, além disso, 15 veículos roubados foram recuperados. "A documentação financeira apreendida comprova a amplitude do esquema criminoso. Foram identificadas movimentações de R$ 43 milhões em seis meses, demonstrando que o banco paralelo atendia toda a comunidade local", detalhou Gianordoli.
O delegado-geral da Polícia Civil (PCES), José Darcy Arruda, lembrou a importância do Centro de Inteligência e Análise Telemática (CIAT) no suporte às investigações e seu reconhecimento nacional. "O CIAT foi essencial para rastrear as movimentações financeiras e a comunicação entre os integrantes da facção. A tecnologia e a análise de dados foram fundamentais para o sucesso da operação e, se tornou referência para outros estados na análise de dados e combate ao crime organizado. A integração tecnológica nos permite rastrear movimentações financeiras e comunicações, resultando em operações mais eficazes e precisas", pontuou.
O coordenador do Centro de Inteligência e Análise Telemática da PCES, delegado Alan Moreno de Andrade, chamou atenção para a relevância da prisão do então chefe de uma organização criminosa para o combate ao crime: “A prisão de Luan nos permitiu descobrir um fluxo financeiro paralelo operando dentro do complexo da Maré, com recursos provenientes principalmente do tráfico de drogas, comércio de armas e extorsões a empresas, o que gerou uma rede criminosa que se estendeu por diversas regiões do Espírito Santo.”
O delegado enfatizou a extensão do crime, em que empresários foram extorquidos por facções criminosas: “Em bairros como Itararé, Cruzamento e Nova Palestina, empresários eram obrigados a pagar valores de até 10 mil reais para não sofrerem represálias. Isso demonstra como o crime organizado se infiltra em diferentes setores da economia, ampliando sua rede de influência e gerando lucros ilícitos.”
Além disso, o delegado relatou a descoberta de um empresário que, inicialmente vítima de extorsão, passou a colaborar com a facção criminosa. “Observamos que o empresário se associou à facção, passando a prestar contas diretamente ao líder da organização e ajudando a expandir suas operações, inclusive impondo a exclusividade dos serviços de internet na região, o que gerava ainda mais receitas para a rede criminosa”, apontou.
Sobre o fluxo de dinheiro, o delegado afirmou que os recursos ilícitos saem do Espírito Santo, são enviados ao Rio de Janeiro e retornam ao estado para financiar mais crimes, o que prejudica diretamente a economia local. “Esse dinheiro alimenta a compra de armamento, drogas e bens de luxo, fortalecendo o poder da facção criminosa tanto no Rio quanto no Espírito Santo”, frisou.
Durante a operação, a polícia prendeu várias pessoas, incluindo empresários envolvidos e membros da facção. “Foi possível localizar armas, drogas e munições durante a ação, reforçando a conexão entre o tráfico de drogas e as extorsões na região”, informou o delegado. Ele também adiantou que essa operação não é isolada. “Com as informações obtidas, outras fases da investigação estão em andamento, com a expectativa de novas operações que desmantelarão ainda mais a rede criminosa e suas ramificações”, adiantou.
As investigações seguem em andamento, com análise de materiais apreendidos e possibilidade de novas fases da operação.
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