As delegacias do Estado contam atualmente com um novo perfil de liderança. Diferente de anos atrás, quando o cargo de delegado era exclusivamente dos homens, as mulheres têm dado brilho às unidades policiais com características marcantes do sexo feminino, fazendo jus à data de 08 de março em que se comemora o Dia da Mulher.
Apesar de passarem pelo mesmo treinamento que os homens para exercer a função de delegada de polícia, as mulheres conseguem tratar os mais diferentes casos com uma dose a mais de sensibilidade e humanismo, sem deixar de cumprir com a lei. É o que garante a titular da Delegacia Especializada da Mulher (Deam) em Vitória, delegada Arminda Rosa Rodrigues, que está há 32 anos na Polícia Civil.
“A mulher é mais coração. Essa sensibilidade que temos significa que fazemos justiça com equidade, a fim de que a justiça seja ainda mais justa. Isso porque não nos preocupamos apenas com o fato isoladamente. Na Deam, onde atendemos mulheres vítimas de violência, não pensamos no fato isolado. Pensamos também no lado social, em como fica a família da vítima, especialmente os filhos, em uma situação de violência”, disse.
Durante todo esse tempo a delegada pôde ter a certeza de que a sensibilidade da mulher para a busca de provas concretas na elucidação de inquéritos policiais é fator determinante para se fazer justiça. Ela conta que em 1992, um caso marcou a sua carreira como delegada quando atuava no Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado.
Um homem suspeito de estupro já havia sido reconhecido por várias mulheres e negava com veemência ser o autor dos crimes. “Percebi que havia algo errado e que ele poderia estar falando a verdade. Procurei dar andamento à investigação. Foi quando uma das vítimas saiu de casa para curtir o Carnaval e encontrou o verdadeiro autor com a mesma roupa que havia usado quando cometeu o crime. Fomos acionados e prendemos esse acusado. Inclusive, conseguimos apreender a arma que ele utilizava para cometer a violência. A semelhança com os dois era nítida. Conseguimos elucidar o caso e fazer justiça”, diz a delegada.
A Polícia Civil do Espírito Santo tem hoje um efetivo de 2.700 policiais. Desse número, 793 são mulheres que atuam em diferentes cargos como agentes de polícia, investigadoras e escrivãs. Mais de 40 são delegadas que comandam diversas unidades policiais no Estado.
“Quando entrei na Polícia em 1981, as mulheres tinham apenas 30% das vagas disponíveis e não competiam em pé de igualdade com os homens. Hoje essa realidade mudou. Mesmo há 32 anos, nunca fui tratada de forma diferenciada por ser mulher. Naquela época, consegui a primeira colocação como agente de polícia e fiz carreira na corporação”, enfatiza a delegada.
Atendimento mais humanizado
Atualmente, com mais mulheres representando a instituição, novas delegadas também têm mostrado competência de sobra para exercer uma função de tanta responsabilidade. Há cinco anos na Polícia Civil, a delegada Claudia Dematté, da Delegacia de Delitos de Trânsito, não abre mão de oferecer um atendimento humanizado à população.
“Atendemos famílias que perderam um ente querido em decorrência de acidentes de trânsito, de mães que perderam os filhos no trânsito e que precisam, além de orientação, de respeito e um abraço de consolo. Sempre recebemos um retorno da população que reconhece esse atendimento diferenciado. É um trabalho em equipe, em conjunto com os homens, mas com um toque feminino”, diz Claudia.
A delegada também ressalta que o aumento do número de mulheres na Polícia Civil é resultado de uma disputa mais igualitária e, que para alcançar esse cargo, é preciso dedicação e vontade. “A mulher policial, que antes era vista com uma imagem meio abrutalhada, tem mudado de cara. Cumprimos com o nosso dever sem perder a vaidade. Nossa atuação tem servido de incentivo a muitas mulheres que também desejam entrar na Polícia Civil. Esse sempre foi meu sonho e tenho orgulho da minha profissão. Isso prova que a mulher pode exercer com igualdade e com os mesmos direitos a mesma função que os homens”, enfatiza a delegada Claudia Dematté.
Para receber a população na Delitos de Trânsito, até o ambiente recebe um toque especial. “Fazemos o possível para oferecer um pouco mais de aconchego a quem já está abalado em decorrência de um fato. Procuramos manter os ambientes organizados e com direito a arranjos de flores. Tudo para que as vítimas sejam recebidas com carinho e atenção”, conclui.
Assim como Claudia, a delegada Susane Rosi Parente Ferreira, que comanda a Delegacia Especializada da Mulher (Deam) no município da Serra, diz que essa atenção oferecida ao cidadão que procura a unidade policial é fator predominante em seu trabalho. “Nossa Deam tem um ambiente bem humanizado, uma boa estrutura. Oferecemos um ambiente confortável para que as vítimas de violência sintam-se seguras”, disse Susane.
A delegada ressalta que a delegacia possui equipe bem dividida no que se refere ao número de homens e mulheres, mas que a maioria dos usuários preferem ser atendidos por mulheres. “Percebemos que as pessoas preferem o atendimento feminino, seja mulheres vítimas de agressão e até os homens que acompanham as vítimas na delegacia. Isso porque é característica das mulheres serem mais atenciosas e compreensivas e na atividade que exercemos essas qualidades fazem diferença”, ressalta Susane.
Para Susane, uma forma de fazer valer o Dia da Mulher é poder orientar as vítimas do sexo feminino, que sofreram qualquer tipo de agressão, a não se calarem frente a uma situação de violência.
“Estamos aqui para ajudar. As mulheres que têm essa dificuldade em casa devem procurar a delegacia para buscar esclarecimentos. Vir à delegacia é um passo importante. As vítimas saem com um pensamento diferente e com esclarecimentos sobre os seus direitos”, ressalta Suzane.
A delegada Arminda Rosa Rodrigues acrescenta. “A violência não tem voz, ela é silenciosa. Mas a mulher tem voz. Ela precisa acreditar nas instituições. A justiça do homem também funciona e, ao fazer uma denúncia, a mulher dá voz ao seu sofrimento e pode sim recuperar sua autoestima e retomar sua vida com dignidade”, concluiu Arminda.
Mulheres conseguem superar desafios
O chefe de Polícia Civil, delegado Joel Lyrio, afirma que na instituição capixaba várias mulheres assumem função de chefia, sem que haja preconceito em função do sexo. “As mulheres, de um modo em geral, dentre investigadoras, agentes, escrivães, peritas, delegadas, são profissionais altamente competentes e estudiosas. Temos muito orgulho do quadro feminino da Policia Civil. Muitas de nossas servidoras policiais são líderes atuantes na busca de seus direitos e todas cumpridoras de suas obrigações”, disse o chefe.
De acordo com o chefe, o grande diferencial das mulheres é a resiliência, a capacidade de superação. “Damos o mesmo treinamento e tratamento ao exercício da função de delegados e delegadas, mas o diferencial da mulher ao homem é a resiliência, além de serem mais detalhistas. Isso é fundamental no exercício da função que trabalha cada vez mais com a percepção na busca dos resultados”, concluiu.
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