Elementos observados e colhidos pela perícia em locais de homicídios, estupros, acidentes de trânsito com morte, entre outros, potencializam e, muito, a possibilidade de um bom laudo pericial e a autoria do crime. Essa é a informação do delegado Guilherme Daré, superintendente da Polícia Técnico-científica da Polícia Civil. Um dos grandes desafios da unidade é ter a garantia de que a cena do crime está preservada.
“Com o isolamento da área podemos identificar infinitos vestígios que podem se tornar evidência da prova do crime. Buscamos tudo que tenha relação com o fato: sangue, cabelo, impressão digital, pegadas, objetos, entre outros elementos. Por isso, é fundamental que o local esteja preservado. Muitas vezes, quem chega à cena do crime, inicialmente, é a população e a curiosidade pode interferir na coleta de dados e, consequentemente, dificultar um bom laudo pericial”, disse.
Em casos de atentados violentos, o delegado ressalta que a vida está acima de tudo. “É importante se certificar do estado de saúde da vítima para que o socorro seja dado, mas quanto menos alteração houver no local do crime, mas chance de se chegar até sua autoria. É importante que a população crie essa cultura e perceba a importância do trabalho da perícia para diminuir a criminalidade uma vez que uma cena de crime intacta possibilita tirar o autor de cena”, explica Daré.
Curso
Além da população, a Polícia Militar também é uma das primeiras a chegar a uma cena de crime e, para não comprometer o trabalho pericial, a tropa é orientada a isolar o local. A corporação aplica, desde 1992, o curso ‘Preservação de local de crime’, em especial, no ingresso de soldados combatentes e nos cursos de formação de oficiais.
“Quem altera um local de crime, com ou sem intenção, está sujeito a sanção criminal. Orientamos nossos policiais a preservar esses locais para auxiliar o trabalho da perícia e, consequentemente, permitir que a Polícia Civil elabore laudos precisos para a reconstituição do crime. A população também deve colaborar com esse trabalho”, disse o coronel Edmilson dos Santos, instrutor de perícia criminal da Polícia Militar.
Perícia
Após a coleta dos materiais, as provas do crime são analisadas nos laboratórios da Polícia Técnica onde é possível realizar análises de toxicologia, química legal e DNA criminal, além de perícias em equipamentos eletroeletrônicos, balística e documentoscopia.
O trabalho da perícia é realizado por uma equipe composta de delegado, investigadores, peritos criminais, peritos papiloscópicos e fotográfo.
Um dos casos mais recentes em que o trabalho da perícia foi essencial para desvendar um crime foi o caso do taxista acusado de matar uma jovem em Marechal Floriano, no mês de junho. Exames de DNA comprovaram a identidade da vítima.
“O trabalho da perícia é essencial para obter evidências levantadas não só em locais de homicídios, mas também nas ocorrências de crimes contra o patrimônio. O perito papiloscópico entra na cena do crime para colher vestígios e evidências existentes no local. Por meio da análise desses elementos podemos ter a certeza de quem esteve no local aumentando, assim, a possibilidade de elucidar a autoria do fato. Uma impressão digital, por exemplo, pode ser decisiva para a identidade de um crime porque não existem duas pessoas com impressões digitais iguais”, explica Daré.
Desde 2011, a Polícia Técnico-Científica já recebeu R$ 38 milhões em investimentos do Governo do Estado. Até 2014 mais 32 milhões serão injetados para modernização e reaparelhamento da unidade.
Novos equipamentos
Também está prevista para o próximo ano a aquisição de equipamentos modernos que irão facilitar a investigação de crimes. Entre eles está um scâner a laser 3D capaz de escanear o ambiente a 360 graus, com alcance de 300 metros, antes que o perito percorra o ambiente e contamine a cena do crime, uma das vantagens da ferramenta. “A varredura de todo local captada pelo laser pode auxiliar as investigações a qualquer tempo, possibilitando a cena completa do crime sem que haja a necessidade de olhar foto por foto”, explica Daré.
Além desse recurso, a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) também prevê a compra de software que irá permitir um banco de dados de todas as pessoas que tenham carteira de identidade e que serão identificadas por meio das digitais, caso cometam crimes. Atualmente, o banco de dados só permite identificar quem possui ficha criminal.
Outra ferramenta que irá auxiliar o trabalho da perícia será um aparelho que possibilita recuperar dados de computadores apreendidos mesmo que a máquina tenha sido formatada. Isso irá auxiliar investigações de pessoas que cometeram crimes.
A Polícia Técnica também recebeu recentemente o aparelho de Raio X Digital Móvel, que será usado pelo DML para radiografar todo o corpo da vítima e identificar lesões.
Semana Estadual de Ciência e Tecnologia
Uma amostra do trabalho da Polícia Tecnico-científica será apresentada pela Polícia Civil na 9º edição da Semana Estadual de Ciência e Tecnologia, que começa nesta quarta-feira (17) e segue até o dia 19 de outubro, na Praça do Papa, em Vitória. Durante todo o evento 18 policiais receberão os visitantes e explicarão cada etapa realizada para a elucidação de um crime, desde a coleta de vestígios em um local de crime até as análises especializadas realizadas nos diversos setores da Polícia Técnica. Os visitantes também receberão uma cartilha ilustrada, com informações sobre o trabalho pericial e a importância em preservar um local de crime.
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação Polícia Civil
Comunicação Interna - (27) 3137-9024
Fernanda Pontes - (27) 9728-8448
Atendimento à Imprensa - (27) 3636-1536
Natália Magalhães/Dalila Travaglia
Tel.: (27) 9981-5203 – (27) 9862-4006
imprensa.pc@pc.es.gov.br